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Santar

A história de Portugal passa por aqui


Sabe-se que as populações de caçadores e recolectores fixaram-se nestas terras férteis e bonitas desde o Neolítico, há cerca de 5.000 anos. Vieram os iberos, os celtas, os romanos, que deixaram mais vestígios da sua presença, e os descendentes dos mouros convertidos ao Cristianismo pela espada de D. Afonso Henriques. Consta que a origem da denominação Santar estará possivelmente associada à permanência dos visigodos na Península Ibérica, por derivar de um nome próprio de origem germânica, Sentarius, referido em documentação desde o século X, sob a forma de Senteiro.


A origem de Santar remonta à Idade Média e a uma lenda que conta a feliz passagem, e descanso, por estas terras de um rei, que se crê ter sido D. Afonso II, e do seu exército, depois de uma batalha vitoriosa. Mas foi no reinado de D. Manuel, em 1514, que Senhorim recebe um novo foral e substituí o de 1253, então outorgado por D. Afonso III.  Pelo ano de 1527, viviam em Santar cerca de 250 habitantes, era então senhor destas terras prósperas Diogo Soares de Albergaria II, uma linhagem de privilégio que remontava ao século XII, e à conquista de Lisboa, à data governadores de Senhorim, do qual Santar fazia parte (como da zona onde é hoje Tondela, Oliveira do Hospital, Sabugosa e Santa Comba Dão). Foram destituídos, com a desculpa de não terem descendência, mas foin a verdade uma consequência por apoiarem o rei português contra o domínio filipino, no século XVI. O primeiro rei Filipe (II de Espanha e I de Portugal) nomeou a família Cunha para o seu lugar, e D. Luís da Cunha, senhor de Sabugosa, Óvoa e Barreiros, muda-se para Santar, em 1609. 


É nesta altura que Santar prospera, os “Cunhas”, como são conhecidos, trazem atenção para esta zona muito fértil do país, onde vingava a Agricultura e ainda mais a produção de vinho que trouxe muita gente para a zona. Na primeira metade do século XVII, Santar foi exportadora de vinho e milho para o Brasil, através do porto da Figueira da Foz, e a vinicultura sobreviveu a gerações que construíram a respeitável zona demarcada do Dão, que ainda hoje segura parte da economia local, com vinhos cheios de carácter. O descendente D. Pedro da Cunha, leal ao rei espanhol D. Felipe II, constrói o Paço dos Cunhas, e Santar passa a ser conhecida por ”Cortes da Beira”, porque logo depois ali se concentraram, invulgarmente longe da capital, outras casas senhoriais. Por ter participado numa falhada conspiração contra D. João IV, o seu filho Lopo da Cunha será obrigado a exilar-se em Espanha depois da Restauração da Independência de Portugal, em 1641. Assim, a família mais importante da região vê os seus bens confiscados e a pedra de armas retirada da fachada do antigo paço, destruído pela fúria da população.


Do outro lado, e em recompensa por se terem posicionado contra Espanha, o duque de Bragança fez ascender ao poder outras famílias aristocráticas e membros da alta burguesia. No centro da vila, a casa dos Condes de Santar e Magalhães começa a ter muita importância, não só pela vinha, mas também pelo seu trabalho social. Criaram a Sopa dos Pobres e faziam coletas entre a fidalguia para benefício da população. Hoje, esta casa senhorial pertence aos descendentes José Luís e Pedro de Vasconcellos e Souza. Em inícios do século XIX, chegam os Novais, cuja casa de família original alberga hoje os Paços do Concelho, e os Ibérico Nogueira, que fundam a banda filarmónica de Santar e desenvolvem trabalho social. Ficam bem conhecidas na zona pelas benfeitorias do conceituado médico Francisco Ibérico Nogueira, também professor na Universidade de Coimbra. Juntas, estas duas famílias criaram o lar, o centro de dia e os cuidados continuados da vila, (que trabalha com a Misericórdia, cuja igreja foi erguida por D. Lopo da Cunha, quatro anos antes do seu exílio). 


Hoje, Santar tem cerca de quatro vezes mais habitantes do que no século XVI, mas no século XIX chegou a ter o dobro de hoje (em 1864, por exemplo, eram cerca de 2283). Da mesma forma, se durante séculos esteve no território de Senhorim, desde 1852, data de uma reforma administrativa, que passa a pertencer ao concelho de Nelas, distrito de Viseu. Tornou-se vila no primeiro dia de primavera de 1928 e continua a ser das mais nobres e distintas pelo seu magnífico património. Vir a Santar é fazer uma viagem no tempo, caminhando por sinuosas ruas empedradas por onde se alinha um invulgar e aninhado conjunto de edifícios religiosos, quintas e casas, das mais populares, às da burguesia letrada e abastada e aos grandes solares, casas senhoriais, resistentes na tradição do granito das Beiras.


É nesta vila beirã repleta de história, que surpreende pelo seu património cultural e pela beleza da sua paisagem marcada pela vinha, rematada no horizonte pela serra da Estrela a sul e pela serra do Caramulo a norte, que poderá encontrar o nosso hotel.



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