Santar Jardins
Santar Vila Jardim: uma vila que floresce
Rodeada de belos jardins e tanques, pequenas praças, fontes e fontanários, alminhas e cruzeiros, o património de Santar recorda-nos a sofisticação da velha Europa. Aqui permanecem imponências arquitetónicas como o Solar dos Condes de Santar e Magalhães, do século XVI e cuja capela remonta ao século XVIII, e onde o maneirismo, o barroco e o neoclásssico se cruza; o Paço dos Cunhas, entretanto reconstruído e que hoje é um enoturismo e um restaurante; o Solar da Capela de N. Sra. da Piedade, dos séculos XVI a XVIII, a Igreja Matriz de S. Pedro de Santar, cuja construção original remonta ao século XII, a já referida Igreja da Misericórdia, do séc. XVII e a Casa das Fidalgas, que data do século XVII, entretanto doada aos Duques de Bragança, e agora recuperada para receber nosso hotel.
Atrás dos seus imponentes e silenciosos muros, a vila de Santar é uma descoberta de jardins espalhados em sebes de buxo talhado – incluindo as amadas “carreiras” da Beira – terraços de diferentes verdes, delicados roseirais e todo o género de flores belas e cuidadas. Cultivados desde tempo imemoriais, estes jardins foram segredos bem guardados entretanto delapidados pelo passar dos anos, até os irmãos Vasconcellos e Souza iniciarem, em 2013, com as famílias Ibérico Nogueira e Portugal Loureiro, e a Misericórdia de Santar, um projeto único no sentido de reabilitar estes cinco jardins de quatro famílias diferentes, enobrecê-los e unir as propriedades: o projeto Santar Vila Jardim.
O paisagista espanhol Fernando Caruncho, conhecido como “o filósofo jardineiro”, já pensou jardins no mundo inteiro e foi escolhido para idealizar este projeto. Sempre inspirado nas suas referências de geometria, luz e água, na beleza e proporção da Antiguidade Clássica, na poesia de Rilke ou de Al-Andaluz, e na racionalide de jardins como o de Córdova e de Granada, do parisiense Vaux-le Vicomte ou do palácio Pitti, em Florença e dos exemplares zen de Ryoan-Ji, em Quioto. Quando chegou a Santar encontrou um invulgar conjunto de solares construídos junto dos locais, e não fora das cidades como é comum, por isso resolveu tirar partido dessa proximidade. Ligou os jardins senhoriais com pequenas pontes e portões, reanimou-os e deu uma nova vida à vila de Santar que passa agora a receber não só os amantes do vinho do Dão, mas todos os interessados por jardins e a História de Portugal. A sua ideia foi acordar a Natureza.
A identidade estética de Caruncho recusa o artifício e não se fixa numa época específica, cruza os elementos naturais com formas geométricas, a bem de uma grande paz e harmonia. No jardim da Casa de Santar permaneciam alguns canteiros originais, noutros quadrículas de buxo, mas eram maioritariamente usados como horta, com meia dúzia de árvores de fruto, citrinos. Tudo o resto foi feito de raiz também nos jardins da Casa dos Linhares, da Casa da Magnólia, da Igreja da Misericórdia e da Casa das Fidalgas, hoje hotel Valverde Santar. Nesta, mais especificamente, permaneceu a alameda de árvores, algumas com dois e três séculos, assim como estava intacta a zona de jardim junto ao tanque de água e havia uma pequena horta tratada pelo caseiro de D. Miguel de Bragança, que ali viveu alguns anos.
Foram derrubados muros em pedra e construídas pérgolas, para uma frescura fundamental aos jardins do sul, também se fizeram parterres de buxo, alamedas de camélias e caramanchões de glícínias. Foram plantados loureiros e diferentes matizes de rosas, do grande produtor inglês David Austen, incluindo as rosinhas de Santa Teresinha. Mas também frondosas magnólias, laranjeiras, cosmos e pequenos prados campestres onde se evidenciam as papoilas cor de laranja da Califórnia. Há pomares, jardins de ervas aromáticas e hortas comunitárias, trabalhadas pela população local, fontes originais com carrancas e um pequeno lago onde a água corre em serenidade. Em 2021, o projeto Santar Vila Jardim recebeu o European Garden Award na categoria de "Protection and Development of a Cultural Landscape."